Não deixa de ser interessante verificar que grande parte das emoções que expressamos podem constituir sintomas de determinadas patologias.
A ansiedade. Se por um lado é uma forma de reagir antecipadamente a algo que se antevê difícil ou doloroso, também chamada “o medo sem rosto”, por outro lado, quando generalizada e desadequada ao estímulo, tem direito a categorização psiquiátrica.
O medo, possível motor de confronto e transgressão, predomina nos síndromes fóbicos, sendo causa de intenso sofrimento e incapacidade.
A tristeza como forma de adaptação à perda, um ingrediente ao luto necessário e saudável, é também o combustível que move a alma sem pressão. Ainda que sem lágrimas, apáticas e indiferentes, por vezes, as depressões conhecem bem a tristeza expressa.
A raiva, mecanismo de auto-defesa, resposta possível de auto-preservação, quando acumulada, além de corroer os pedaços de serenidade que ajudam a embalsamar a alma, pode estar associada à agressividade patente em crimes diversos.
Mais uma vez, é ténue a fronteira entre a emoção expressa no contexto de uma personalidade em confronto e esta como causa de mal estar psíquico, porque desproporcionada em relação ao estímulo que a causa, ou mesmo, persistindo na ausência de qualquer estímulo desencadeante.
Existe uma diversidade de fármacos disponíveis, e alguns deles são usados erradamente em situações que fazem parte do quotidiano normal e, como tal, essenciais ao desenvolvimento emocional. Eliminando-as, pode estar a contribuir-se para um desequilíbrio emocional: não é doença ter medo, estar ansioso ou triste, “É melhor ter os nervos como cabos/Entre a cidade Não e a cidade Sim”(Ievtuchenko)
Outra situação particular, que é considerada dopping, é a ingestão de bloqueadores beta (fármacos com utilidade na sintomatologia ansiosa) para diminuir o trémulo em jogadores de tiro ao alvo.
Curioso que a palavra patologia, vem do grego pathos (sofrimento, paixão, doença) e logia (ciência, estudo), estando ligada ao “padecer” no campo da filosofia. Um conceito que concretiza a relação entre emoção e doença, elucidando a possibilidade de um caminho entre aquela e o alvo terapêutico nesta última.
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