Entre outros silêncios perpendiculares a palavras não ditas e parêntesis confusos, escrevi-lhe que estava novamente de partida. apresentei desculpas pela resposta tardia, agradeci o cheiro a manuscrito, e a presença saliente nos contornos dos sentidos desenhados, partilhados.
Partindo das palavras oferecidas às interrogações que pedem resposta, disse que não sei bem em que caminho de sonhos encontrei a medicina, mas, agora que cá estou, vou aprendendo a aceitar que "é menos importante o que esperamos da vida do que aquilo que a vida espera de nós". um compromisso último, talvez, a sabedoria da aceitação do sofrimento, da dúvida, da incerteza, do medo. um compromisso com a felicidade, constante, permanente.(mas às vezes, penso, - disse-lhe-, todos os pensamentos são já demais..)
apesar do tempo frio, neste Natal houve luz. na passagem de ano, possível época dos balanços e compromissos que ainda não pensei com as letras do concreto, a vela continuou acesa. (tal caixa de pandora, à espera de ser aberta.)
Quanto às queixas médicas, disse que a história clínica não bastava para um diagnóstico rigoroso. assim tão distante, ainda que na margem próxima das palavras partilhadas. e a humildade de quem é ainda estudante deve ser imperativa, categórica, tanto faz. disartria consequente ao pânico, provavelmente.
Sim, gostei de a conhecer. de ver a esperança do crescimento pessoal e profissional numa casa de saúde que, de tempos a tempos, gosto de chamar, casa de sonhos. de acreditar que as perturbações psiquiátricas como obstáculo à felicidade são derrubáveis.
depois falei do tempo que nunca chega. das incertezas quanto ao que o destino, em forma de vida, me reserva. não, não sei se voltarei a vê-la.
e da consciência e realismo das histórias que nem sempre oferecem a serenidade necessária às melodias do difícil.
devolvi o sorriso e despedi-me
das palavras apenas, disse,
(em silêncio)
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