Às vezes consegue-se conter o grito, emudecê-lo e fingir que sim, estamos bem porque não estamos muito mal (ou pior). mas outras vezes apetece mesmo calar os ruídos em cada silêncio, um a um, e espalmar ranho e lama nas palavras oferecidas ao grito que dói.
circulares, inúteis, cépticas, as palavras lavadas pelo grito que se faz choro, tinta e papel.
Mas porque sim. porque os gritos espalmados nem sempre encontram prateleiras no coração. porque o silêncio fingido esgota a alma e inflama a vida.
a toxicidade oferecida às palavras não é egoísmo, é antes um meio de subsistência. barato e cómodo.
a toxicidade oferecida às palavras não é egoísmo, é antes um meio de subsistência. barato e cómodo.
porque as palavras,
escutam sem cobrar nada. ouvem sem de imediato abrirem o armário dos conselhos e das sabedorias que não servem para nada. empatizam a alma sofrida sem apontar o dedo às não razões que nutrem a não esperança. (não, ninguém sofre porque quer.)
e as palavras,
sabem sempre o espaço de silêncio que a dor concede a cada grito. enxugando as lágrimas como quem pontua um parágrafo,
sabem sempre o espaço de silêncio que a dor concede a cada grito. enxugando as lágrimas como quem pontua um parágrafo,
(antes de virar a página.)
imagem:http://aura1.gaia.com/photos/14/133669/large/CryingChildEye.jpg