Retrato ou rosto. Em palavras, foi bom revê-lo. Endereço distante no tempo, próximo da memória. Li-as na véspera de Natal. Em papel e tinta,desenhadas com a singular geometria das mãos, em linhas, como quem traça a perpendicular ao sonho.
Perguntava como estou. E dizia-me da presença e da saudade, as letras imitando a inclinação da partilha que tocou, mais fundo, mais perto. Que este caminho, da medicina, é tortuoso, de sensibilidades e extremos.
Escrevia-me de uma mão desarticulada, um raio-x à coluna, uma queda e as palavras que deixou cair. (E como se perdia, entre os sintomas e os sentidos, entre as perdas que não mais são e os afectos tardios.)
Achas que pode ser, a amizade? E a filha que em breve voltaria. (Os óculos graduados, para a ver mais de perto, ainda que jamais voltasse para ficar.) Que quem tem um ideal encontra razões para viver.
Ofereceu-me um sorriso (lembrando Guerra Junqueiro), que devolvi, embrulhado também, nas palavras de quem se faz presente.
Uma carta endereçada da casa de sonhos de que já aqui disse. Uma casa onde pessoas e histórias parecem intersectar a mais longínqua das nossas esperanças. Desacreditando a alma paralela, em distâncias próximas que nunca chegam.
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